Manuel Sobrinho Simões

 

É professor catedrático de anatomia patológica na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Chefe de Serviço no Hospital Universitário de São João desde 1988. Atualmente, é diretor do IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto).

Em 2015, foi eleito, pela revista britânica «The Patologist», como o patologista mais influente do mundo.[2]

Recebeu, ao longo da sua carreira, diversos prémios nacionais e internacionais. Destaca-se o Prémio Bordalo de 1996, atribuído ao seu Grupo de Investigação, o Prémio Seiva e o Prémio Pessoa, ambos em 2002.[3]

 

BIO

Manuel Alberto Coimbra Sobrinho Simões nasceu em 8 de Setembro de 1947, no Porto, na freguesia de Cedofeita. É o mais velho dos quatro filhos de Manuel Sobrinho Rodrigues Simões, médico, professor e investigador na área de Bioquímica, e de Maria Alexandrina Martins Coimbra Simões, doméstica.
Por distração paterna, foi registado com os apelidos Coimbra Rodrigues Simões, não coincidentes com os das irmãs, Luísa Eugénia, Teresa Paula e Joana Coimbra Sobrinho Simões, situação que foi posteriormente retificada.

Cresceu no seio de uma família tradicional. Primeiro, viveu na zona das Antas; depois, na de Paranhos, onde habitou uma casa próxima da dos professores Hargreaves e Emídio Ribeiro da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Frequentou o ensino primário na "Escola 33 A", onde foi aluno da professora Maria da Graça.

No ano letivo de 1957-1958 ingressou no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, concluindo o curso em 1963-1964, com a média final de dezoito valores; esta classificação valeu-lhe os seus dois primeiros prémios: o Prémio Nacional e o Prémio do "Rotary Club do Porto".

No ano lectivo de 1964-1965 matriculou-se no curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde, uma vez mais, se distinguiu pelas suas classificações, as quais lhe permitiram alcançar o respeito dos professores e conquistar vários prémios, de que são exemplo o do Rotary Club do Porto, da Fundação Engenheiro António de Almeida, Prof. Dr. Luís de Pina e Boehringer Ingelheim.
Durante a licenciatura desenvolveu um grande interesse pelo domínio da Patologia, influenciado por alguns dos seus professores, como Daniel Serrão.

Em paralelo com a componente escolar, foi campeão universitário de Pingue-pongue e viajou pelo estrangeiro durante os períodos de férias, com o dinheiro de alguns prémios e com o apoio do avô.
Ainda era estudante quando, a 6 de Julho de 1970, assumiu as funções de "Monitor além Quadro" de Anatomia Patológica.

Em 1971 finalizou a licenciatura em Medicina com a média final de dezanove valores, tendo sido nomeado Assistente Eventual da disciplina de Anatomia Patológica a 5 Março do ano seguinte; ocupou este lugar até 17 de Setembro de 1974.

Entretanto, casou no dia 31 de Maio de 1972 com a médica Maria Augusta da Cunha, da qual tem três filhos: Manuel, João e Joana.
Entre 1 de Setembro de 1975 e 31 de Dezembro de 1976 cumpriu o serviço militar, sucessivamente adiado devido aos estudos.

Anos mais tarde, em 1979, doutorou-se em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, apresentando a dissertação "Carcinoma oculto de Tireóide. Proposta de interpretação biopatológica" e o trabalho complementar "Alguns aspetos da depleção linfocítica na doença de Hodgkin". Foi aprovado por unanimidade, com distinção e louvor. Ainda nesse ano, prestou provas públicas para o preenchimento do lugar de especialista no Hospital de S. João, tendo obtido a classificação de 19,4 valores. Foi, então, nomeado "Professor Auxiliar Além Quadro" na disciplina de Anatomia Patológica.

Entre Outubro de 1979 e Julho de 1980 fez o pós-doutoramento em Oslo, no "Norsk HydroŽs Institute for Cancer Reserch", submetido ao tema "Microscopia Eletrónica". Graças a este trabalho e às ligações que estabeleceu durante esse período, alcançou o reconhecimento internacional, sobretudo no campo da Patologia Tireoideia, e inaugurou uma longa relação com o meio da investigação científica além fronteiras.

No regresso a Portugal, em 14 de Outubro de 1980, ascendeu ao cargo de Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e, mais tarde, a 18 de Julho de 1988, foi nomeado Professor Catedrático do 4º Grupo (Patologia) nessa mesma instituição.

Em 1989 criou o IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular e Celular da Universidade do Porto), unidade de investigação que dirige e foi classificada como excelente na última avaliação internacional levada a cabo pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e constitui um dos três laboratórios europeus acreditados pelo Colégio Americano de Patologistas. Esta unidade realiza anualmente centenas de consultas de diagnóstico para hospitais e institutos de oncologia da Europa e da América.

Sobrinho Simões foi Professor Adjunto de Patologia e Biologia Celular do Jefferson Medical College Universidade de Thomas Jefferson, Filadélfia; avaliador do Consórcio de Investigação em Cancro Gástrico formado pelo Instituto de Cancro da Noruega e pela Universidade de Zhengzhou; expertem Patologia Molecular do American Board of Pathology; e especialista convidado do Centro de Telepatologia da União Internacional Contra o Cancro, sedeado na Charité, Humboldt University, em Berlim.

Enquanto dirigente da Sociedade Europeia de Patologia, organizou os dois primeiros congressos intercontinentais de Patologia com a Sociedade Latino-Americana de Patologia (2000 e 2004); em 2000, formou a divisão de Moscovo da Escola Europeia de Patologia; dirigiu o XVIII Congresso Europeu de Patologia, em Berlim, em Setembro de 2001, e desenvolveu a divisão de Ankara da Escola Europeia de Patologia, em 2003.

É membro dos conselhos científicos da Escola Europeia de Patologia, do Curso Europeu de Patologia Celular e da Associação Europeia de Prevenção de Cancro e integra o Comité Redatorial da Associação de Directores de Patologia Cirúrgica dos E.U.A. (ADASP).

É autor e co-autor de centenas de artigos editados em publicações internacionais, do Handbook da União Internacional Contra o Cancro ("Comprehensive Tumour Terminology" - 2000), da obra subordinada ao tema "Ultrastructural Pathology", publicada nos E. U. A. em 1990 e, no Japão, em 1995; co-editou o livro "Os Outros em Eu", no âmbito da PORTO 2001 - Capital Europeia da Cultura, e diversos capítulos da obra "Pathology and Genetics of Tumours of Endocrine Organs", publicada pela Organização Mundial de Saúde em 2004. Em 2017 lançou o livro Os Portugueses – De onde Vimos, o que Somos, prefaciado pelo Presidente Marcelos Rebelo de Sousa, que reúne os seus discursos proferidos nas atribuição do Prémios Pessoa (2002) e Ciência VIVA (2016) e nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (de 2017).

Manuel Sobrinho Simões gosta de passar os tempos livres com a família, muitas vezes em Moledo, onde possui uma casa de férias. Entre os seus passatempos favoritos contam-se a leitura, o cinema, programas televisivos como a série norte-americana House. M. D., passeios de bicicleta pelo Parque da Cidade e, ainda, o Futebol Clube do Porto, que acompanha, agora, um pouco mais à distância do que durante a sua juventude, fase da vida em que era sócio e via regularmente jogos de várias modalidades.

Em 2015 foi eleito o patologista mais influente do mundo pela revista britânica The Patologist. Em 2017, ano da sua jubilação, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 22 de março de 2018, nas comemorações do 107.º aniversário da Universidade do Porto, foi distinguido como Professor Emérito.  
(Texto de Bruno Pinheiro, 2008)

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